A COP30 e o novo papel das empresas na agenda climática global

Posteado el Novembro 12, 2025

A 30ª. edição da Conferência das Partes (COP30), realizada em Belém do Pará, é um momento histórico: essa é a primeira vez que o Brasil sedia a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em uma região que simboliza o equilíbrio ambiental do planeta, a Amazônia. Mais do que um encontro diplomático, a COP30 é um chamado à ação. E, neste chamado, as empresas têm papel central.

Mas o protagonismo da COP30 vai além das decisões políticas e se estende ao mundo corporativo. Cada vez mais, governos e sociedade reconhecem que as empresas são parte essencial da solução climática. Afinal, são elas que concentram boa parte do consumo de recursos naturais, dos fluxos produtivos e do potencial de inovação que pode acelerar a descarbonização global.

Segundo pesquisa do jornal Valor, companhias de diversos setores se mobilizaram para apresentar na COP30 suas iniciativas de sustentabilidade, investimentos em energia limpa e compromissos de neutralidade de carbono. A conferência se torna, portanto, um palco para mostrar resultados e assumir novos compromissos, em um ambiente no qual o mercado e os investidores exigem transparência e impacto real.


O impacto da COP30 nos negócios

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reforça que as decisões tomadas durante as COPs influenciam diretamente o ambiente de negócios global. O documento “Recomendações para a COP30” destaca que as conferências climáticas têm impulsionado mudanças regulatórias, fiscais e tecnológicas que afetam todos os setores produtivos.

Entre os pontos centrais, a CNI alerta que as novas metas de descarbonização e adaptação climática deverão aumentar a pressão por inovação, eficiência energética e economia circular. Isso significa que as empresas precisarão investir em tecnologia limpa, rastreabilidade de emissões, reuso de recursos e integração entre setores.


Prioridades do setor privado para a agenda da COP30

A CNI reforça o papel estratégico do setor privado na concretização das metas do Acordo de Paris.

As empresas não estão apenas reagindo aos desafios climáticos, mas assumindo um papel ativo na construção de soluções que conciliam crescimento econômico e sustentabilidade. São elas que desenvolvem tecnologias limpas, impulsionam a inovação e contribuem para tornar a transição ecológica uma realidade.

Segundo a CNI, o engajamento empresarial é essencial para apoiar políticas públicas, ampliar o financiamento climático e consolidar a sustentabilidade como parte da estratégia de desenvolvimento nacional.

Entre as principais recomendações do setor privado, destacam-se:

  • Fortalecer a conexão entre ambição climática e desenvolvimento econômico

Criar políticas que equilibrem metas de redução de emissões com competitividade industrial, incentivando a inovação e a geração de empregos verdes.

  • Ampliar o financiamento para projetos climáticos e de infraestrutura sustentável

Facilitar o acesso a recursos e instrumentos como títulos verdes e blended finance - modelo de financiamento que combina recursos públicos, privados e filantrópicos para viabilizar projetos de impacto socioambiental ou climático, viabilizando investimentos em energia renovável, mobilidade e gestão de resíduos.

  • Acelerar a transição energética e a expansão das fontes renováveis

Estimular o investimento em hidrogênio verde, biomassa, energia eólica e solar, garantindo uma transição justa para trabalhadores e comunidades.

  • Promover a economia circular e a indústria de baixo carbono

Estimular o reaproveitamento de materiais, reduzir desperdícios e aumentar a eficiência no uso de recursos.

  • Fortalecer a governança climática e os mercados de carbono

Apoiar a criação de mecanismos transparentes e reconhecidos internacionalmente de precificação de carbono.

  • Estimular a inovação e o desenvolvimento tecnológico

Promover P&D em tecnologias sustentáveis e digitalização para posicionar o Brasil como líder em inovação verde.

  • Ampliar ações de adaptação e resiliência climática

Fomentar infraestrutura resiliente, gestão de recursos hídricos e conservação de ecossistemas.

  • Investir em capacitação e desenvolvimento de habilidades verdes

Preparar profissionais para as novas cadeias produtivas sustentáveis.

  • Reforçar a cooperação internacional

Consolidar o papel do Brasil como líder diplomático e promotor da colaboração entre países, empresas e instituições.


Sustentabilidade como estratégia de negócio

As COPs vêm mostrando que o futuro das empresas depende da capacidade de se reinventar diante das mudanças climáticas.

Um número crescente de empresas percebe que a sustentabilidade depende de compreender riscos e agir de forma concreta, avaliando condições de mercado com foco na competitividade e no sucesso de longo prazo e, segundo o Business Breakthrough Barometer 2024:

  • 91% dos executivos veem a transição como uma oportunidade de crescimento
  • 74% relatam aumento nos investimentos rumo ao zero emissões líquidas nos últimos três anos
  • 66% dos líderes empresariais apontam a falta de infraestrutura e de cenários sólidos de investimento como barreiras mais urgentes
  • 90% das grandes empresas afirmam que investiriam mais se os governos removessem entraves regulatórios e fortalecessem políticas de apoio.

Esses dados mostram que a sustentabilidade é agora um fator central de decisão e competitividade.

As organizações mais preparadas são aquelas que integram sustentabilidade à sua estratégia, transformando compromissos ambientais em vantagem competitiva real. Caso contrário, o impacto é direto: custos operacionais, acesso a mercados e permanência em cadeias globais de valor passam a depender do desempenho climático das empresas.

A CNI também destaca que as empresas que internalizam a agenda climática nas estratégias de negócio terão mais capacidade de competir globalmente, atrair investimentos e inovar.


O papel das empresas na Transformação Ecológica

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A Transformação Ecológica global não é somente uma meta climática, vai além e precisa ser uma mudança estrutural de paradigma econômico e produtivo. A COP30 deve consolidar esse debate, propondo caminhos para uma economia que cresce com responsabilidade ambiental, onde inovação, eficiência e regeneração caminham lado a lado.

As empresas são protagonistas dessa transformação. São elas que mobilizam investimentos, desenvolvem tecnologias e operam nas cadeias produtivas que precisam se tornar mais sustentáveis. A descarbonização e a regeneração de recursos só serão viáveis se o setor privado assumir um papel ativo e colaborativo, em aliança com governos e instituições de pesquisa.

Nosso propósito é mostrar como a sustentabilidade pode ser traduzida em ação concreta. Entendemos que a conversa sobre mudanças climáticas é, essencialmente, uma conversa sobre recursos, sua disponibilidade, uso eficiente e preservação.

Com base em três pilares - descarbonizar, regenerar recursos e despoluir -, vamos demonstrar que é possível aliar desempenho econômico e impacto ambiental positivo, mostrando na prática o que significa colocar a sustentabilidade no centro da estratégia de negócios. Essa visão está totalmente alinhada ao espírito da COP30, que busca transformar compromissos em ação real e mensurável.

A partir dessa perspectiva, também é preciso avaliar temas essenciais para o avanço da Transformação Ecológica nas empresas. São eles:


Economia circular e competitividade

A economia circular desponta como uma das principais estratégias empresariais e foco das discussões da COP30. Investir em reuso de água, reciclagem e energia a partir de resíduos é, além de uma exigência climática, um fator de eficiência, inovação e competitividade.

Para a Veolia, a circularidade é o motor da Transformação Ecológica, unindo tecnologia e sustentabilidade para regenerar ecossistemas e impulsionar o crescimento verde.

Essa visão reforça um princípio fundamental da nova economia: crescer de forma sustentável também significa gerar prosperidade social. É nesse ponto que o debate sobre a transição ecológica se conecta diretamente com a geração de empregos e o desenvolvimento de novas habilidades.


Empregos verdes e novas habilidades

A transição ecológica também é uma oportunidade social sem precedentes.
Segundo o Ministério da Fazenda do Brasil, o país pode gerar até 10 milhões de empregos verdes até 2030, especialmente em bioeconomia, energias renováveis e infraestrutura sustentável.

Para que esse potencial se concretize, será essencial investir em qualificação profissional e formação técnica, preparando trabalhadores e líderes para uma economia de baixo carbono.

Como destaca Lina Del Castillo, Diretora de Marketing, Comunicação e Sustentabilidade da Veolia Brasil, “precisamos pensar em quem serão as pessoas responsáveis por realizar os trabalhos verdes, os profissionais que vão liderar a transformação ecológica.”

Essas novas competências são a base para a próxima etapa da transformação: ampliar o alcance das soluções sustentáveis e gerar impacto em escala.


Escala e colaboração: o desafio da implementação

A escala é o grande desafio da transição climática. Não basta inovar, é preciso replicar e ampliar soluções em ecossistemas colaborativos que unam empresas, governos e sociedade civil.

Essa visão está em sintonia com as recomendações da CNI e com as práticas de grandes corporações globais, que usam a COP30 para formar alianças estratégicas e acelerar projetos de inovação, impacto social e descarbonização.

Ao conectar diferentes atores, a COP30 cria um ambiente fértil para compartilhar conhecimento, escalar tecnologias e ampliar o financiamento de iniciativas sustentáveis.


Financiamento e políticas de incentivo

A COP30 também representa uma oportunidade decisiva para fortalecer o financiamento climático e atrair investimentos para projetos sustentáveis.

O relatório da CNI destaca a necessidade de ampliar o acesso a mecanismos de crédito verde e instrumentos financeiros inovadores, como o blended finance, que combina recursos públicos e privados para viabilizar projetos de impacto.

Mais do que nunca, o sucesso dessa agenda depende de colaboração, escala e compromisso com resultados concretos. E é justamente essa convergência entre políticas públicas, inovação empresarial e investimento sustentável que define o verdadeiro legado da COP30.


De compromissos à ação: o legado da COP30

As decisões tomadas em Belém do Pará definirão novos compromissos para governos e empresas, influenciando como produzimos, consumimos e utilizamos os recursos naturais.

Empresas como a Veolia demonstram que é possível transformar compromissos em resultados tangíveis. 

Conforme divulgado em nosso Integrated Report 2024-205 – For an Ecology that Protects, globalmente economizamos, ou ajudamos nossos clientes a economizar, 1,45 bilhão de metros cúbicos de água, por meio do combate a vazamentos e do aumento do reuso de efluentes. Protegemos a saúde humana ao tratar 8,7 milhões de toneladas de resíduos perigosos.

Tornamos possível que nossos clientes evitassem a emissão de 15,2 milhões de toneladas de CO₂, o equivalente a 15 milhões de voos de ida e volta entre Paris e Nova York.

No Brasil, transformamos resíduos em energia local e de baixo carbono, ajudando a reduzir emissões. Nos EcoParques Pedreira e Blumenau, por exemplo, temos uma produção anual total de quase 8.000 toneladas de CDR – combustível derivado de resíduos – gerando uma fonte alternativa de energia para a indústria cimenteira local.

Também operamos cinco usinas que produzem energia a partir do biogás de nossos EcoParques Pedreira (SP), Iperó (SP), Biguaçu (SC), Içara (SC) e Metropolitana (AL). Essas usinas têm uma capacidade combinada de 17.400 MWe e produzem energia renovável suficiente para abastecer aproximadamente 56.000 pessoas.

Esses números exemplificam o tipo de ação concreta e mensurável que a COP30 pretende inspirar.


Um convite à ação coletiva

A crise climática é o maior desafio do nosso tempo, mas também uma das principais oportunidades de inovação e cooperação da história.

A COP30 mostrará que as empresas não são parte do problema: são parte essencial da solução.

Ao adotar práticas de economia circular, apostar em biocombustíveis para reduzir emissões e investir em inovação, o setor privado pode redefinir o modelo de desenvolvimento econômico e construir um futuro mais justo, resiliente e sustentável.

A Veolia acredita que o futuro depende das escolhas que fazemos agora, e a COP30 é o momento de transformar compromissos em ação real.

 

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